
Quando eu coordenava um projeto
social no interior do Ceará costumava enfatizar para o meu pequeno grupo de
mulheres que o errado não é subir no salto, mas não conseguir descer dele. Tem
gente dentro da igreja que não consegue se envolver nas causas sociais por se
sentir importante demais, ou ocupados demais para gastar tempo, dinheiro e
talento com uma criança carente ou uma
mãe que passou o dia na rua, debaixo de um calor infernal catando material
reciclável para sustentar a casa. Como eu admiro essas mulheres! Tive o
privilégio de conhecer algumas dessas guerreiras “catadoras de lixo”.
Às vezes ficava observando a igreja
no domingo. Tão bonita! Bem arrumada, afinada, sorridente, amável. Por que
brilhar tanto entre quatro paredes? Já pensou se durante a semana toda essa
força descesse para fazer a diferença lá nas periferias, nos projetos sociais,
ONGs, associações, seja através do tempo, talento, doações, orações, etc.? Mas é difícil descer do salto da posição
social, do comodismo para servir aos carentes, onde não há holofotes e sim
muito serviço. Ai eu ficava matutando, será que a igreja conhece
verdadeiramente a Jesus de Nazaré? Quando louvam, leem a Bíblia, vão os cultos,
oram, será que sabem o que estão fazendo? “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo
Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens, e
sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a
morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:5-8).