O que você diria para um pescador
que estava lavando a sua rede depois de passar a noite toda pescando sem
sucesso? Eu diria que a vida é assim
mesmo, tem dia que o “mar não está para peixe”, que fosse para casa descansar,
afinal, passara a noite toda em uma pescaria infrutífera. Porém, não foi isso
que Simão ouviu de Jesus naquele dia perto do lago de Genesaré.
Jesus como sempre, estava sendo comprimido
por uma grande multidão que o seguia a procura de milagres, então para fugir
daquele aperto, entrou no barco de Simão que o levou mais adiante e dali Ele
ensinava o povo. Quando terminou de falar, Jesus, percebendo o abatimento de Simão
por não ter feito uma boa pescaria, lhe dá um conselho: “ ... Vá para onde as águas são
mais fundas”, e a todos: lancem as redes para pescar.” Imagino Que Simão
pensou, esse homem está brincando comigo, estou morto de cansado e ele me manda
para alto mar, porém, respondeu: “Mestre esforçamo-nos a noite inteira e não
pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”
-Lucas 5: 4-5.
O texto segue narrando esta historia e diz que o resultado dessa
pescaria foi tão farta, pegaram tantos peixes, que as redes não suportaram
chegando a rasgar.
Na Palavra de Deus encontramos essas contradições, ou seja, o mar não
estava para peixe, mas Jesus mandou pescar. Há nas nossas vidas momentos de
sequidão espiritual, examinamos e não encontramos pecados não confessados,
porém a oração não sai, a leitura da Palavra se torna enfadonha, o culto
tedioso. Conta-se que certa vez um homem disse para Madre Tereza de Calcutá que
tinha chegado ao fundo do poço e não encontrava solução para o seu problema, então
ela sabiamente disse para ele: “Continue cavando, não pare de cavar, as
melhores aguas estão em poços profundos”.
Nós, muitas vezes, fazemos o contrário. No deserto espiritual paramos de
buscar a Deus, desistimos da caminhada, sentamos e começamos a murmurar, a
reclamar do calor, da falta de água, da palavra do pastor, do líder de louvor,
do cansaço, das pedras e espinhos no caminho, e partimos numa trilha de
lamentação sem fim.
Quando adolescente, na escola dominical, ouvi da esposa do meu pastor, que mesmo não sentindo a presença
de Deus deveríamos continuar buscando, pois Ele estava presente e jamais nos
abandonaria. Essa ausência era Deus permitindo, para ver até que ponto o
serviríamos pela fé, mesmo não sentindo, nem vendo a sua atuação. Isso ficou
gravado em meu coração. Na minha caminhada já passei por vários desertos e
confesso não é fácil, mas nunca desisti de buscar a Deus. Claro que sou tentada
a deixá-lo de lado, a trocá-lo por coisas mais atraentes no momento, a parar um
pouco para descansar, mas o Espírito Santo fica falando lá no fundo: Continue
cavando, não pare, medite na Bíblia, ore,
frequente aos cultos, se envolva nos trabalhos da igreja, sirva ao
próximo, louve, continue cavando, não pare, não pare. Muitas vezes esse
processo é feito em meio a lágrimas, mas a Palavra do Senhor diz que o “choro
pode durar uma noite, a alegria vem ao amanhecer”. Simão, mesmo cansado,
obedeceu à voz do Mestre contrariando a lógica do momento que era voltar para
casa e dormir para esquecer a noite sem resultado.
O final do poço não é o fim para Jesus, se Ele encheu aquelas redes de
peixes, pode fazer jorrar água no deserto, e transformar a nossa caminhada numa caminhada fé.
Saímos do poço fortalecidos quando, mesmo não sentindo nada, não abrimos
mão de caminhar com Jesus em obediência, na certeza de que jamais nos
abandonará.
Que Deus faça jorrar rios de águas vivas do seu
interior.
Ei, continue cavando, não pare...