“Como são belos nos montes os pés
daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas
notícias, que proclamam salvação, que dizem em Sião: O seu Deus reina!” (Isaías
52:7).
Desde criança ouvia histórias e
testemunhos de missionários que se aventuravam em terras estrangeiras para
proclamar as boas novas do Evangelho. Anos depois, no seminário, comecei a
acumular as minhas próprias histórias, experiências dos evangelismos nas tardes
de domingo no Seminário Betânia em Coronel Fabriciano; do ano prático na Jocum
de Belo Horizonte; do impacto evangelístico no Paraguai. Lembro-me que sempre
que voltávamos de um evangelismo havia a famosa pergunta: “Quantas pessoas
aceitaram a Jesus?” Ficávamos frustrados quando o resultado era nenhuma,
nenhuma pessoa havia aceitado o Salvador. Contudo, não era sempre assim, muitas
vezes o resultado era uma bela colheita de vidas rendidas ao Senhor.
Anos mais tarde, esposa de pastor,
mais cobrança. Desta vez era para a igreja crescer. Nos corredores da
denominação a pergunta se repetia frequentemente: “Quantas pessoas há na sua
igreja?” Com a pergunta vinha à receita, a cereja do bolo, todos tinham uma fórmula
para o crescimento da igreja e queriam passar.
Vi pastores, dedicados, piedosos,
honestos e fieis ficarem constrangidos quando o seu relatório por anos
continuava quase o mesmo, embora a sua igreja estivesse viva e atuante. Missionários
angustiados porque se viam obrigados a darem “resultados”, do contrário o
destino seria o retorno do campo missionário.
Aprendi, ao longo da caminhada cristã,
que quem dá o crescimento é Jesus. Em algumas igrejas, nós arrancamos tocos para
outro colher. Em outras, colhemos, o que outro semeou. Não tem uma receita
pronta. Passamos por igrejas que cresceram de forma surpreendente em pouco tempo,
em outras, o crescimento foi muito lento, embora por onde passamos, trabalhamos
com o mesmo empenho e dedicação. A obra é de Deus, o vento sopra aonde quer.
Hoje a tarde, sem um livro novo para ler,
fui até a estante e peguei “Para que serve Deus,” de Fhilip Yancey, e
comecei a reler. Passeando por suas páginas, me deparei com a história verídica
de um grupo de jovens missionários, fascinados com o que Deus estava fazendo
através de suas vidas, no início da década de 1970, no Afeganistão. Segundo
Yancey, o Dr. J. Christy Wilson, figura reverenciada no Afeganistão, resolveu
levar o grupo de jovens missionários para fazer turismo no cemitério e aprender
um pouco sobre missões.
“Wilson levou os adolescentes a visitar um ponto turístico diferente: O único cemitério no Afeganistão onde
podiam ser sepultados ‘infiéis’. Dirigiu-se para o primeiro túmulo, uma lápide
antiga, marcada pelo tempo. ‘Este homem trabalhou aqui por trinta anos,
traduziu a bíblia para a língua afegã’, disse ele. ‘Nem um único convertido. E
neste túmulo ao lado jaz o homem que o substituiu, juntamente com seus filhos
que aqui morreram. Ele labutou durante 25 anos e batizou o primeiro cristão
afegão’. Enquanto o grupo caminhava por entre os túmulos, ele relatava as
histórias dos primeiros missionários e seus destinos.” (YANCEY, 1998, Pg 217).
Compreendi que “sucesso ministerial”
não é fazer a igreja acontecer ou alcançar o maior número de pessoas em um
curto espaço de tempo, mas se manter fiel aos princípios da Palavra de Deus, ao
chamado do Senhor enquanto semeia, ora chorando, ora cantando, sabendo que no
tempo certo a colheita acontecerá. Que o labutar não é em vão, pois não importa
quem vai colher, o importante é semear
e deixar o crescimento e colheita por conta do Dono da seara, nosso Senhor e
salvador Jesus Cristo.
Disse o apóstolo Paulo: “Eu
plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer.” ( I Coríntios 3:6)