“Venham a mim, todos os que estão cansados, e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”. Mateus 11: 28
Acredito que há hoje, dentro das nossas igrejas, dezenas de pessoas sobrecarregadas, cansadas, angustiadas por diversos problemas e principalmente de ordem eclesiástica. A igreja que deveria ser o lugar de cura para as feridas da alma, se tornou, em muitos casos, a causa de tantas chagas.
Outro dia estava lendo um livro onde
o autor narrando o episódio da mulher pega em adultério, aproveita para falar
sobre igrejas que produzem apedrejadores. Foram os religiosos
que pegaram em pedras para atacar àquela mulher. Eles a arrastaram pelas ruas e
a jogaram aos pés de Jesus. E quantas vezes, vemos essa mesma cena dentro das
nossas igrejas? Irmãos sendo levados ao “tribunal” para serem julgados pelos
que detém a “reta doutrina”. Porém, diferente de Jesus que convida o cansado e
ferido para o descanso, eles pegam em pedras. Pedra da acusação, da humilhação,
da difamação, da intolerância, do preconceito, da exclusão, da indiferença, da
condenação.
Quando eu era adolescente numa igreja
tradicional, vi jovens sendo levados ao “tribunal” nos culto de sessão. Ali o
seu pecado era minuciosamente compartilhado para toda a igreja que, depois de
ouvir o “réu”, sentenciava a condenação: tantos dias sem participar da ceia,
sem exercer cargo na igreja, ou a exclusão da comunidade. Infelizmente, esse
procedimento adotado pela maioria das igrejas daquela época, em vez de trazer
cura e correção lançava a ovelha para mais longe do aprisco, geralmente ela ia
embora cabisbaixa, envergonhada, humilhada com todas as feridas abertas,
sangrando diante de uma plateia fria, e claro, “santa”. Certa vez, depois de um
desses cultos, minha irmã disse para o pastor quando este estava na porta
cumprimentando os irmãos: “pastor a gente demora tanto tempo para ganhar uma
vida para Jesus e vocês jogam fora com tanta rapidez”.
Há uma cena que ficou gravada na minha
mente de adolescente, se passou no dia em que eu dei a minha profissão de fé
para o batismo nas águas. Havia uma jovenzinha de família muito pobre, filha de
pai alcoólatra, criada pela avó que era uma serva de Deus. Essa jovem participou comigo das aulas para preparação
para o batismo. No dia da profissão de fé ficávamos todos de frente para a
igreja que nos fazia algumas perguntas: joga baralho, na loteria, vai ao cinema,
lê horóscopo? etc. Depois de respondermos o pastor perguntava se alguém era
contra o batismo dos presentes ali na profissão de fé. Uma senhora se levantou
e começou a acusar essa jovem de ficar até tarde brincando na rua com outros
jovens descrentes, dizendo que não concordava com o seu batismo, que ela não
estava preparada. Simples assim, não teve provas, apenas a fala de uma senhora
da igreja. Essa menina diante de toda a congregação recebeu a sua sentença: não
poderia se batizar. Saiu envergonhada, chorando por não poder confessar a Cristo
publicamente. Depois daquele dia ela que sempre era presente no seio da igreja
chegou a participar das Mensageiras do Rei, nunca mais voltou e tempos depois
veio a falecer, enveredou-se pelo álcool.
Quem está ferido não precisa de
pedradas, mas da cura, e a igreja deveria ser esse lugar, mas ela se esqueceu
das palavras do Mestre: “Não vim buscar os sãos, mas os doentes”. O doente não
pode ser recebido com pedradas e sim com remédio. O amor, a graça e a
misericórdia de Jesus é o refrigério que deveria emanar da Sua igreja para
todos os que entram por suas portas a procura de alívio.
Que tipo de pessoas as nossas igrejas
estão produzindo? As que pegam em pedras ou as que limpam as feridas com misericórdia?
Às
vezes fico intrigada achando que o Jesus pregado em muitas igrejas não é o
mesmo dos Evangelhos.
“...Mulher, onde estão eles? Ninguém a
condenou? ... Eu também não a condeno. Agora vá e abandone a sua vida de pecado.
João 8: 10-11
“...aprendam de mim, pois sou manso e
humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11: 28-30
Ótima semana para você.