O salmo 121 fala muito ao meu coração, me remete a infância quando eu
acompanhava a minha avó Cecília ao hospital. Ela entrava nas enfermarias e ia
de leito em leito recitando o salmo 121 e orando pelos enfermos. Aprendi a amar
essa passagem que retrata Deus de forma tão presente no cotidiano dos seus filhos.
Estamos vivendo uma época muito estressante. São muitos os fatores de
estresse: finanças, relacionamentos conflituosos, religião, violência urbana, violência
doméstica, preconceitos e por aí vai. Saímos cedo para trabalhar e podemos não
voltar por causa de um irresponsável no transito. Dizem que o psicopata pode
morar ao lado ou dentro de casa. Essa cultura do medo tem se alastrado
principalmente através dos telejornais sensacionalistas que sobrevivem da tragédia
humana.
Porém, quando olhamos para o texto bíblico ele nos traz uma paz proveniente
da certeza de que como uma sombra Deus não se desgruda de nós. Nos acompanha
por onde quer que formos. Isso não quer
dizer que estamos blindados, que mau nenhum chegará a nossa casa, mas que mesmo
vindo o dia mau, o nosso Deus anda conosco nos dando forças para vencermos os
obstáculos, mesmo que vencer signifique enfrentar a adversidade e suas
consequências.
A companhia do Senhor produz segurança de que atravessaremos as
tempestades e chegaremos seguros ao nosso destino. Muitos chegarão molhados e
debilitados fisicamente, mas jamais abatidos espiritualmente. Conheci uma
pessoa que enfrentou uma grande tempestade em sua vida, um câncer de pulmão.
Pude acompanhar o definhar do seu corpo físico, as dores, o mal estar, o cabelo
caindo, a pele descamando e ficava maravilhada ao ver aquela irmã, quando não
estava em tratamento, entrando no templo para participar do culto. No final quando
ia cumprimenta-la ela dizia com sua voz fraquinha: ”estou firme com Jesus”. Nas
diversas visitas que fizemos, muitas vezes a encontrávamos prostrada na cama,
fraca, pois nada parava no estomago e sempre dizendo: “Estou firme com Jesus,
ele vai me curar”. Ela tinha uma fé inabalável, firme como uma rocha, nunca a
vi murmurar, nem ficar amargurada, tinha apenas trinta e dois anos, casada e
três filhos lindos.
Um dia precisei ficar com ela no hospital, tinha se internado mais uma
vez, a família era pequena então os irmãos em Cristo revezavam no cuidado.
Sentei ao lado da sua cama, li a Bíblia, orei e ficamos a conversar, ela estava
cada vez mais fraca. Num dado momento ela me olhou com os olhos cheios de
lágrimas e disse que apesar de desejar tanto viver estava preparada para morar
com Jesus e me perguntou se era errado ela pedir a Deus a cura porque queria
muito criar os filhos e se ao pedir não estaria magoando o Senhor. Olhei para
aquela irmã e percebi que estava diante de um gigante da fé. Ela estava enfrentando
um câncer terminal sem medo, sem revolta, e preocupada em magoar o coração de
Deus por desejar ficar. Alguns dias depois, estávamos em Belo Horizonte e
soubemos que ela tinha sido curada, foi morar na casa do Pai, onde não há choro nem dor, nem
enfermidade.
Fico pensando em alguns crentes triunfalistas que vejo cantando “a minha
sorte vai mudar”, diante de uma situação
dessas. Aquela irmã passou pelo vale da sombra da morte e não desvaneceu na fé
porque o Senhor como uma sombra esteve ao seu lado o tempo todo. O Deus Emanuel
não se apartou dela e ela sabia disso e isso bastou.
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