Criança precisa de afeto, carinho,
proteção, cuidado. Foi difícil para mim, que não fico um dia sem dar um beijo
na minha filha, nem sem dizer um “ eu te amo”, ouvir aquela mãe revelar que
nunca tinha dado um beijo no filho de nove anos.
Ela me procurou porque o garoto
estava dando muito trabalho. Não a ouvia e saia batendo a porta de casa sem hora
para voltar. Eu coordenava um projeto social em que esse garotinho participava.
Ouvi aquela mãe atentamente e fiquei de conversar com o menino. Chamei a
criança na minha sala, não foi difícil fazê-lo falar, ele era comunicativo.
Segundo o mesmo a mãe era agressiva, não fazia nada quando o padrasto e primos o
chamavam por termos pejorativos. Perguntei se a mãe era carinhosa, ele negou.
Voltei a conversar com a mãe e
orientei que fosse mais carinhosa com o filho, que desse mais atenção, que procurasse ouvi-lo.
Ela relutou um pouco, disse que não sabia como fazer, tinha dificuldade em
demonstrar carinho uma vez que não tinha recebido dos pais. Insisti que valeria
a pena por mais difícil que fosse, então ela prometeu tentar.
Passou mais ou menos uma semana e
chamei novamente o garotinho para conversar. Estava curiosa para saber como
andava a relação dele com a mãe e se o conselho que eu tinha dado funcionou.
Assim que começamos a conversar ele foi logo dizendo: “tia, minha mãe me deu um
beijo”. Os seus olhinhos brilharam ao relatar o fato. Fiquei muito feliz, o que
aquela criança queria era atenção, carinho, era ser notada. Li que criança
rebelde é criança infeliz. Muitos pais
por estarem tão ocupados não prestam mais atenção nos filhos, não percebem o
quanto eles precisam de atenção. Muitas vezes o que resolve não é uma
disciplina restritiva, mas um abraço, um beijo, sentar e olhar nos olhos do
filho atentamente, estender a mão e oferecer ajuda.
Sempre que podia, falava com as mães
do projeto social. que se elas não abraçassem os filhos o mundo abraçaria da
pior forma possível. Tem pais perdendo os filhos por negar atenção. Tem filhos
buscando nas drogas, nas más companhias o prazer que não encontra dentro de
casa.
O relacionamento daquela criança com
sua mãe melhorou muito, ela continuou se esforçando para dar atenção e ganhou
um filho mais presente em casa, menos respondão e também carinhoso.
Outra cena me vem à mente neste
momento. Estava saindo do culto era dia das mães e um adolescente magro, sujo e
descalço me chama de tia e me pede comida, olhei atentamente e reconheci, era
um adolescente que tinha frequentado o projeto social ,mas infelizmente, se tornara
usuário de drogas passando a perambular pelas ruas. Perguntei se ele tinha dado um
abraço na sua mãe, já que era um dia especial, ele respondeu: “ eu não tenho
mãe, tia. Ela não liga para mim, ela não gosta de mim”. Fiquei muito
entristecida, pois muitas e muitas vezes aconselhei aquela mãe que batia no
filho, que o colocava para fora de casa por qualquer coisa, que o chamava dos
piores nomes a mudar a sua conduta. Ela não ouviu, o filho buscou consolo nas
drogas e hoje à mãe vive amedrontada com o filho delinquente. Pobre menino
vitima de um lar desestruturado e uma sociedade injusta.
Esses meninos só queriam colo,
abraço, amor, proteção, isso faz uma diferença muito grande na vida de uma
criança seja ela rica ou pobre. O lar deve ser, independente da condição social,
um lugar onde se deseja estar. Nós pais
devemos transformar a nossa casa no melhor lugar do mundo para os nossos filhos
e isso acontece quando dentro de casa eles encontram respeito, diálogo, carinho, atenção,
cumplicidade, perdão, orientação, valorização, esperança, união.
Você já abraçou seu filho hoje?
Que Deus lhe conceda sabedoria e um
coração terno dentro de casa.
Fique na paz!!!!
2 comentários:
Se fossemos conversar com muitos meninos e meninas de rua e/ou delinquentes, certamente ouviriamos muitos relatos de filhos carentes de afeto e atencao dos pais. Tinha uma amiga missionaria que me contou ter sido adotada aos dois anos de idade por uma familia que mais a queria para ser a bonequinha viva da filhinha natural deles da mesma idade. Minha amiga disse que a unica palavra de carinho que recebeu durante toda a sua infancia foiquando aos 5/6 anos de idade, uma senhora que passava pela rua quando ela lavava a garagem da casa disse: -" Que coisinha linda essse toquinho de gente lavando a garagem". Essa palavra de afeto a alimentou durante toda a infancia. chorei enquanto a ouvia contar.
Triste né, Rute? Convivi com muitas crianças assim no projeto social, no começo a gente não podia nem chegar perto que eles davam um pulo para trás, mas eu insistir e eles se renderam aos abraços e elogios.Eram tão carentes que alguns aprontavam de propósito para vir conversar comigo, mas essa realidade atinge todas as classes sociais, ano passado soube de uma adolescente que se suicidou e a família, classe média, estava surpresa, quem conhecia a família diz que eles não conversavam com a filha, que ela era muito calada. A mídia divulga muito a cultura do medo, está na hora de fazer campanha pela cultura do elogio, do abraço, do diálogo. Quantas crianças ainda não sabem o que é um carinho?
Bjs querida, gosto muito quando você passa por aqui.
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