Li em um dos muitos livros que já
utilizei nos pequenos grupos de mulheres , uma frase que me fez pensar: “Não dê a outros o que você não deu primeiro
em casa.” Assim que li, lembrei de
uma entrevista que assisti com a Zélia Gattai esposa do escritor Jorge Amado. A
entrevistadora perguntou sobre o segredo
de tantos anos de casados, ela respondeu mais ou menos assim: “Procuro sempre
tratar o Jorge como visita.” Acho que entendi o que ela queria dize, ou seja,
não nos aborrecemos com os pequenos deslizes das visitas e sempre lhes oferecemos o melhor, assim deve ser com o cônjuge também.
Já percebeu que quando a visita
derruba café na nossa linda toalha simplesmente dizemos: “não tem importância,
depois eu lavo." Mas, quando o filho de cinco anos derruba suco de beterraba na
toalha branca recém-colocada na mesa, então..., a paciência vai para longe; a criança é arrancado da mesa, colocada de castigo, além de ouvir um monte de vitupérios.
Não é exagero! Isso acontece o tempo todo em muitos lares. No seu também?
Já viu na casa da vovó, louças
lindas e muito bem arrumadas no armário com portas de vidro, para que todos
contemplem? A vovó só usa quando tem visita, para a família serve nos pratos
velhos. Uma mulher em um dos pequenos grupos que liderei disse que a sua mãe
tinha guardado por anos, vários presentes de casamento que nuca havia usado,
estava à espera de alguém importante, uma ocasião especial. A filha disse que a
mãe faleceu sem nunca ter usado as
louças, toalhas e lençoes que tinha ganhado de presente.
A autora do livro que citei, narra, que certo dia, fez um delicioso jantar para
uma vizinha (que ela não conhecia), que
tinha acabado de voltar do hospital com um bebê recém nascido. Ela
gastou toda a sua tarde naquele jantar. Fez pratos deliciosos e sofisticados,
queria muito ser gentil, afinal aquela mãe não teria tempo, nem condições de ir
para a cozinha preparar o jantar da família. Só que, sua filha perguntou a
caminho para a casa da vizinha, o que eles teriam para jantar quando retornasse,
só nesse momento, ela lembrou que gastara tempo em um jantar especial para a
vizinha, que não conhecia, e esquecera a sua própria família, que comeria
cachorro quente naquela noite. Desde então sempre presenteava alguém com
um dos seus deliciosos quitutes, fazia um igualzinho para a sua família ou então levava faltando três porções, os da sua família
é claro. Gostei! Não é errado
cuidar dos outros, a Bíblia nos ensina a amar o próximo, mas não devemos
negligenciar a nossa casa. A nossa família é o bem mais precioso que temos e
deve ter lugar preferencial em nosso coração, na nossa agenda, nas nossas
escolhas de cada dia.
Não adianta ter um coração piedoso
para com os de fora se na nossa casa não formos piedosos também. A toalha pode
ser lavada, o copo quebrado pode ser substituído, mas os momentos em família
que perdemos, o tempo não traz de volta. O tempo gasto com os outros em detrimento da nossa família, não vai
voltar, passou. Vejo pais gastarem horas no celular conversando com amigos, conhece
tudo sobre os amigos, mas não conhece o próprio filho. Cônjuges gentis e educados com os de fora,
mas extremamente irritados com os de casa. Professoras dedicadas em sala de
aula, mas em casa, mães negligentes, estressadas. A Família deve ter lugar de
honra em nosso coração, não vale a pena, nem é saudável levar tudo ao pé da
letra, tem muita coisa boba que dá para relevar. Por que brigar por uma toalha
molhada em cima da cama, ou porque o filho quebrou um prato? Às vezes
fazemos um cavalo de batalha, uma tempestade em copo d’agua por coisas tão
insignificantes!
Um ótimo exercício na hora desses conflitos é perguntar: Se fosse
uma visita, como eu reagiria? Com certeza com mais paciência e consideração. Dê à sua família um lugar de honra.
Ah!
O livro que citei é: George, Elizabeth. Uma Mulher segundo o coração de Deus.
São Paulo, Hagnos, 2004.
(Muito
bom para trabalhar com discipulado ou pequeno grupo de mulheres)