11 de agosto de 2012

Eles só queriam atenção...



            Criança precisa de afeto, carinho, proteção, cuidado. Foi difícil para mim, que não fico um dia sem dar um beijo na minha filha, nem sem dizer um “ eu te amo”, ouvir aquela mãe revelar que nunca tinha dado um beijo no filho de nove anos.
          Ela me procurou porque o garoto estava dando muito trabalho. Não a ouvia e saia batendo a porta de casa sem hora para voltar. Eu coordenava um projeto social em que esse garotinho participava. Ouvi aquela mãe atentamente e fiquei de conversar com o menino. Chamei a criança na minha sala, não foi difícil fazê-lo falar, ele era comunicativo. Segundo o mesmo a mãe era agressiva, não fazia nada quando o padrasto e primos o chamavam por termos pejorativos. Perguntei se a mãe era carinhosa, ele negou.
          Voltei a conversar com a mãe e orientei que fosse mais carinhosa com o filho,  que desse mais atenção, que procurasse ouvi-lo. Ela relutou um pouco, disse que não sabia como fazer, tinha dificuldade em demonstrar carinho uma vez que não tinha recebido dos pais. Insisti que valeria a pena por mais difícil que fosse, então ela prometeu tentar.
          Passou mais ou menos uma semana e chamei novamente o garotinho para conversar. Estava curiosa para saber como andava a relação dele com a mãe e se o conselho que eu tinha dado funcionou. Assim que começamos a conversar ele foi logo dizendo: “tia, minha mãe me deu um beijo”. Os seus olhinhos brilharam ao relatar o fato. Fiquei muito feliz, o que aquela criança queria era atenção, carinho, era ser notada. Li que criança rebelde é  criança infeliz. Muitos pais por estarem tão ocupados não prestam mais atenção nos filhos, não percebem o quanto eles precisam de atenção. Muitas vezes o que resolve não é uma disciplina restritiva, mas um abraço, um beijo, sentar e olhar nos olhos do filho atentamente, estender a mão e oferecer ajuda.
          Sempre que podia falava com as mães do projeto social que se elas não abraçassem os filhos o mundo abraçaria da pior forma possível. Tem pais perdendo os filhos por negar atenção. Tem filhos buscando nas drogas, nas más companhias o prazer que não encontra dentro de casa.
          O relacionamento daquela criança com sua mãe melhorou muito, ela continuou se esforçando para dar atenção e ganhou um filho mais presente em casa, menos respondão e também carinhoso.
          Outra cena me vem à mente neste momento. Estava saindo do culto era dia das mães e um adolescente magro, sujo e descalço me chama de tia e me pede comida, olhei atentamente e reconheci, era um adolescente que tinha frequentado o projeto social ,mas infelizmente, se tornara usuário de drogas passando a  perambular  pelas ruas. Perguntei se ele tinha dado um abraço na sua mãe, já que era um dia especial, ele respondeu: “ eu não tenho mãe, tia. Ela não liga para mim, ela não gosta de mim”. Fiquei muito entristecida, pois muitas e muitas vezes aconselhei aquela mãe que batia no filho, que o colocava para fora de casa por qualquer coisa, que o chamava dos piores nomes a mudar a sua conduta, ela não ouviu, o filho buscou consolo nas drogas e hoje à mãe vive amedrontada com o filho delinquente. Pobre menino vitima de um lar desestruturado e uma sociedade injusta.
             Esses meninos só queriam colo, abraço, amor, proteção. Isso faz uma diferença muito grande na vida de uma criança seja ela rica ou pobre. O lar deve ser, independente da condição social, um lugar  onde se deseja estar. Nós pais devemos transformar a nossa casa no melhor lugar do mundo para os nossos filhos e isso acontece quando dentro de casa eles encontram  respeito, diálogo, carinho, atenção, cumplicidade, perdão, orientação, valorização, esperança, união.
            Você já abraçou seu filho hoje?

            Que Deus lhe conceda sabedoria e um coração terno dentro de casa.
         
        Fique na paz!!!!



2 comentários:

Rute disse...

Se fossemos conversar com muitos meninos e meninas de rua e/ou delinquentes, certamente ouviriamos muitos relatos de filhos carentes de afeto e atencao dos pais. Tinha uma amiga missionaria que me contou ter sido adotada aos dois anos de idade por uma familia que mais a queria para ser a bonequinha viva da filhinha natural deles da mesma idade. Minha amiga disse que a unica palavra de carinho que recebeu durante toda a sua infancia foiquando aos 5/6 anos de idade, uma senhora que passava pela rua quando ela lavava a garagem da casa disse: -" Que coisinha linda essse toquinho de gente lavando a garagem". Essa palavra de afeto a alimentou durante toda a infancia. chorei enquanto a ouvia contar.

Lécia Salles disse...

Triste né, Rute? Convivi com muitas crianças assim no projeto social, no começo a gente não podia nem chegar perto que eles davam um pulo para trás, mas eu insistir e eles se renderam aos abraços e elogios.Eram tão carentes que alguns aprontavam de propósito para vir conversar comigo, mas essa realidade atinge todas as classes sociais, ano passado soube de uma adolescente que se suicidou e a família, classe média, estava surpresa, quem conhecia a família diz que eles não conversavam com a filha, que ela era muito calada. A mídia divulga muito a cultura do medo, está na hora de fazer campanha pela cultura do elogio, do abraço, do diálogo. Quantas crianças ainda não sabem o que é um carinho?
Bjs querida, gosto muito quando você passa por aqui.

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