13 de novembro de 2012

Que tipo de pessoas as nossas igrejas estão produzindo?


         

“Venham a mim, todos os que estão cansados, e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”. Mateus 11: 28
         


 Acredito que há hoje, dentro das nossas igrejas, dezenas de pessoas sobrecarregadas, cansadas, angustiadas por diversos problemas e principalmente de ordem eclesiástica. A igreja que deveria ser o lugar de cura para as feridas da alma, se tornou, em muitos casos, a causa de tantas chagas.

          Outro dia estava lendo um livro onde o autor narrando o episódio da mulher pega em adultério, aproveita para falar sobre  igrejas  que produzem apedrejadores. Foram os religiosos que pegaram em pedras para atacar àquela mulher. Eles a arrastaram pelas ruas e a jogaram aos pés de Jesus. E quantas vezes, vemos essa mesma cena dentro das nossas igrejas? Irmãos sendo levados ao “tribunal” para serem julgados pelos que detém a “reta doutrina”. Porém, diferente de Jesus que convida o cansado e ferido para o descanso, eles pegam em pedras. Pedra da acusação, da humilhação, da difamação, da intolerância, do preconceito, da exclusão, da indiferença, da condenação.

         Quando eu era adolescente numa igreja tradicional, vi jovens sendo levados ao “tribunal” nos culto de sessão. Ali o seu pecado era minuciosamente compartilhado para toda a igreja que, depois de ouvir o “réu”, sentenciava a condenação: tantos dias sem participar da ceia, sem exercer cargo na igreja, ou a exclusão da comunidade. Infelizmente, esse procedimento adotado pela maioria das igrejas daquela época, em vez de trazer cura e correção lançava a ovelha para mais longe do aprisco, geralmente ela ia embora cabisbaixa, envergonhada, humilhada com todas as feridas abertas, sangrando diante de uma plateia fria, e claro, “santa”. Certa vez, depois de um desses cultos, minha irmã disse para o pastor quando este estava na porta cumprimentando os irmãos: “pastor a gente demora tanto tempo para ganhar uma vida para Jesus e vocês jogam fora com tanta rapidez”.

        Há uma cena que ficou gravada na minha mente de adolescente, se passou no dia em que eu dei a minha profissão de fé para o batismo nas águas. Havia uma jovenzinha de família muito pobre, filha de pai alcoólatra, criada pela avó que era uma serva de Deus.  Essa jovem participou comigo das aulas para preparação para o batismo. No dia da profissão de fé ficávamos todos de frente para a igreja que nos fazia algumas perguntas: joga baralho, na loteria, vai ao cinema, lê horóscopo? etc. Depois de respondermos o pastor perguntava se alguém era contra o batismo dos presentes ali na profissão de fé. Uma senhora se levantou e começou a acusar essa jovem de ficar até tarde brincando na rua com outros jovens descrentes, dizendo que não concordava com o seu batismo, que ela não estava preparada. Simples assim, não teve provas, apenas a fala de uma senhora da igreja. Essa menina diante de toda a congregação recebeu a sua sentença: não poderia se batizar. Saiu envergonhada, chorando por não poder confessar a Cristo publicamente. Depois daquele dia ela que sempre era presente no seio da igreja chegou a participar das Mensageiras do Rei, nunca mais voltou e tempos depois veio a falecer, enveredou-se pelo álcool.

         Quem está ferido não precisa de pedradas, mas da cura, e a igreja deveria ser esse lugar, mas ela se esqueceu das palavras do Mestre: “Não vim buscar os sãos, mas os doentes”. O doente não pode ser recebido com pedradas e sim com remédio. O amor, a graça e a misericórdia de Jesus é o refrigério que deveria emanar da Sua igreja para todos os que entram por suas portas a procura de alívio.

         Que tipo de pessoas as nossas igrejas estão produzindo? As que pegam em pedras ou as que limpam as feridas com misericórdia?
         Às vezes fico intrigada achando que o Jesus pregado em muitas igrejas não é o mesmo dos Evangelhos.

      “...Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? ... Eu também não a condeno. Agora vá e abandone a sua vida de pecado. João 8: 10-11

     “...aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11: 28-30

Ótima semana para você.


3 de novembro de 2012

Perdão - liberta o prisioneiro



         Quantas pessoas viveriam hoje outra realidade se colocassem o perdão em prática. Quantos fardos cairiam das costas, quanta amargura seria deixada de lado,  se tão somente perdoassem.

“Uma vez ouvi um rabino imigrante fazer uma declaração espantosa. ‘Antes de vir para a América, precisei perdoar Adolf Hitler’, ele disse. ‘Eu não queria trazer Hitler dentro de mim para meu novo país”. Philip Yancey (Maravilhosa graça p 104)
“A primeira e geralmente única pessoa a ser curada pelo perdão é a pessoa que perdoa... quando genuinamente perdoamos, libertamos um prisioneiro e então descobrimos que o prisioneiro que libertamos éramos nós”. Lewis Smedes
“Aquele que não pode perdoar destrói a ponte sobre a qual ele mesmo tem de passar”. George Herbert



A Igreja é fundamental para o cristão



Gosto das palavras de Nouwen sobre a igreja e concordo com ele quando diz que não dá para caminhar com Jesus fora da comunidade.  

“ se você está buscando com seriedade o caminho específico em que deve andar para seguir a Jesus, peço-lhe que não faça isso sozinho, mas que aja dentro de uma comunidade cristã. Cada vez mais percebo que o caminho de Jesus não pode ser encontrado fora da comunidade daqueles que creem nele, e tornam visível a sua fé reunindo-se em torno da mesa da Comunhão. A comunhão é o coração e o centro daquilo que é ser igreja. Sem ela, não há povo de Deus, não há comunidade de fé, não há igreja.” ( BITUM, 2009: p 209)

 Apesar de existir  tantas igrejas adoecidas e que adoecem, ainda há comunhão em comunidades que não buscam o estrelato, nem cultua a personalidade, mas que vivem para a glória de Deus.

26 de setembro de 2012

Lar,o Melhor Lugar do Mundo



          Sempre depois de algum tempo fora de casa, hospedada na casa de amigos, parentes ou em um  hotel, tenho uma saudade enorme da minha casa. Assim que chego sinto bem estar, mesmo que a minha casa seja simples, sem luxo, mas é a minha casa, o meu canto e igual à casa da gente não tem melhor. Será?
          A nossa casa  deve ser o melhor lugar do mundo, independente se é rica ou pobre, grande ou pequena, deve ser o local para onde a gente quer se refugiar depois de um dia cansativo,  na volta de uma viagem, na alegria ou na tristeza.
         Já encontrei pessoas que não suportavam voltar para casa. Crianças que não tinham prazer algum na companhia da mãe, que lamentavam quando a aula acabava, pois teriam que voltar para aquela que iria bater, falar mal, gritar, ou seja, para uma casa sem alegria, sem aconchego.
          Há lares assim, totalmente sem harmonia. Ambientes pesados, onde os conflitos se proliferam a todo o momento, onde as pessoas não conseguem se tocar, pois parecem dar choque. Há esposas e mães que não querem voltar para casa depois de um dia de trabalho, não querem encarar o desprezo do marido, nem a ignorância dos filhos. Maridos que ficam perambulando e procrastinando a hora de chegar a casa, pois não serão bem recebidos, não há sossego, tranquilidade nem calor humano  depois de um dia árduo.
          A família  deveria  sempre ser a reunião de pessoas que se amam,  que se cuidam, que zelam pelo bem estar uma das outras, que prezam pelo respeito e acima de tudo pelo  exercício do perdão. Mas em muitos lares quando a porta se fecha começa uma guerra de desrespeito, intolerância, ofensas, violência física,  ingratidão, individualidade, os nervos parecem estar a flor da pele, qualquer coisa é motivo de descontrole emocional.
Algumas coisas simples poderia melhorar e muito o ambiente do lar como:
*   Reconhecer sempre o erro e pedir perdão;
*  Buscar a palavra branda para desviar o furor;
*  Prestar atenção mais nas qualidades do outro do que nos defeitos;
*  Exercer o hábito de agradecer;
*  Não dar um de super-herói ou de santo, deixe que o outro veja que também é falho, que erra e precisa de compreensão;
*  Não negar carinho;
*  Procurar deixar a casa em harmonia com cheirinho de limpeza e de comida gostosa. Às vezes um café quentinho para quem chega cansado e com frio é um manjar dos deuses.
*   Fazer devocional em família. Ler a bíblia e orar juntos uns pelos outros, pelo menos uma vez por semana. Isso unirá a família e os fará mais íntimos daquele que criou o lar e sabe o que é melhor para as nossas vidas.
          Acho triste um lar em que as pessoas apenas se toleram, onde não há diálogo, nem carinho. Uma casa assim, em que as pessoas não se importam umas com as outras, que não se sensibilizam com o sofrimento do outro, que não se incomodam com o silêncio permanente, eu não queria morar. O pior é que esse lar existe, até mesmo entre os que professam Jesus. Tem alguma coisa errada com a teologia pregada hoje em dia, que não mostra que seguir a Cristo implica em obedecer, em renunciar,  em querer mudar e buscar mudar para melhor. Que não ensina que o Espírito santo nos ajuda, pois é ele quem nos convence do pecado e nos dá forças para perseverar.
          Na casa do servo de Deus também têm conflitos, porém, deve ter mais ainda o respeito, o diálogo, e a busca da solução em Deus e na sua Palavra.        
         Um abraço. Que a sua casa seja uma casa abençoada.

19 de setembro de 2012

Entulhos na Alma



“ Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele e tudo Ele fará”.
Salmo 37:5 
            O dicionário Aurélio define a palavra entrega como: “passar as mãos ou a posse de alguém; deixar aos cuidados de; confiar”.
          Entregar lembra renunciar. Há pessoas com muita dificuldade de renunciar. Por onde passam, vão juntando troços, algumas têm até um cômodo na casa cheio de coisas velhas que só servem como entulho. Há um apego tão grande a essas coisas, que ai de quem ousar jogar fora.
           Há outro tipo de entulho, é perigoso e difícil de perceber, a própria pessoa nem sempre reconhece, mas ao longo da vida vai agregando coisas sem valor, não dentro de casa, mas na alma, onde o estrago é maior.
          Mas, que entulhos são esses?
         A dona Ansiedade – Essa senhora é terrível, é capaz de lançar uma pessoa num abismo, numa crise existencial sem fim. Ela foi designada como o mal do século, e vem acompanhada de um sentimento de angustia que sufoca o peito, com preocupações que tiram o sono. Ela faz o coração bater acelerado, as mãos suarem frio, a pressão subir, enfim provoca um verdadeiro descontrole físico e emocional. Quem sofre desse mal vive como se a qualquer momento uma noticia ruim fosse chegar.
          O Senhor Medo chega de mansinho, vai se instalando e paralisando as ações, deixa a pessoa inerte, sem coragem para reagir. Por medo eu quero enfatizar aquele que impede a pessoa de viver para a glória de Deus, que a impossibilita de  ter um relacionamento saudável com a família, amigos, igreja. Medo de assumir um cargo, medo  do que os outros vão falar, medo de se dispor, medo de se abrir, de confessar, de mudar o rumo da vida,  de ser verdadeiro. O medo tem o poder de crescer ao ponto de sufocar as ações.
         Essa moça, a  Auto- imagem- negativa, vem acompanhada de receios, de não me toque – são pessoas que não se libertam da autocomiseração, de sentir pena de si. São  desconfiadas,  todos os olhares parecem apontar contra elas para criticar, ridicularizar, menosprezar. É gente melindrosa, tudo magoa tudo é motivo de chorar, de ficar emburrada, de sentir-se incapaz.
           A dona Frustração também adoece a alma, ela não chega só, vem acompanhada da sensação de ter falhado, traz o tempo todo, a lembrança dos sonhos enterrados, interrompidos. Têm gente que está colecionando frustrações: ter sido traída, não ter passado no vestibular, no concurso,  não ter uma carreira bem sucedida,   não ter se casado, não ter casa própria, não ter filhos, etc. Dona frustração é capaz de colocar uma pessoa na cama e deixa-la sem coragem para levantar.
       A  senhora Ambição  tem o nariz empinado, parece dona do mundo, ela vai entrando e tomando conta do espaço e encantando quem não reflete e pensa que felicidade é ter. Ela inverte os valores  – O desejo de ter passa na frente do ser. Os ambiciosos são pessoas que não ficam satisfeitos com nada. Na verdade o ambicioso é sempre insatisfeito, sempre quer mais, vive lamentando e correndo atrás de juntar o maior número de bens, só que, no caminho ele perde amigos, família e atrai a solidão. O ambicioso, pensa que tem amigos, pois vive rodeado de pessoas, porém, apenas interessadas no que ele pode oferecer.
         A lista é grande, muitas outras coisas poderiam ser acrescentadas como: ciúme, inveja, ressentimento, ira, rancor, amargura, etc., são coisas que sufocam a alma, que tornam o caminhar pesado, tira a alegria de viver e de servir a Deus. Jesus reconhecendo que muitos carregam fardos pesados na alma,  faz um convite libertador: “Venham a Mim, todos os cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” - Mateus 11: 28.
      O que você precisa entregar a Jesus? Você precisa entregar aquilo que está  tirando a sua paz, que o faz lamentar, murmurar, brigar em casa, que  deixa você ansioso, angustiado. Você precisa renunciar aquilo que o impede de andar plenamente com o Senhor.  Só quando nos esvaziamos é que o senhor opera, pois “ Ele tudo fará” quando eu entregar tudo a Ele.
        Que Deus lhe conceda uma semana vitoriosa e coragem para fazer uma limpeza na alma jogando fora as coisas velhas que atrapalham o relacionamento  com Ele e com o seu próximo. Não se esqueça, Deus hoje faz um convite a você: “Vinde a Mim” e “Entrega o teu caminho”.  Acredite,  Ele fará o melhor, pois a “vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável”. Confia, entrega, descanse.
     
  
     



23 de agosto de 2012

Não quero mais andar...



        Dezessete anos de caminhada ministerial me proporcionou  muitos momentos edificantes, conheci e convivi com pessoas maravilhosas, algumas ainda caminham comigo. Porém há pouco percebi claramente o tempo perdido com causas sem importância.
          Quando enfrentamos a adversidade de frente, saímos mais amadurecidos, pelo menos sabemos quais caminhos não queremos trilhar. Hoje sem culpa alguma sei o que não quero mais na minha caminhada com a igreja. Não quero uma agenda superlotada onde não sobra espaço para a minha individualidade, nem para a família;  não quero mais cuidar de quem não quer avançar, que não consegue sonhar, projetar; não quero andar com pessoas que se dizem discípulos de Jesus, mas são mesquinhas, egoístas e nunca estão dispostas a caminhar a segunda milha; não quero mais tentar agradar, nunca agradamos;  não quero mais caminhar com quem coloca a instituição acima das pessoas; não quero mais caminhar com quem não valoriza as amizades; não quero caminhar com os dissimulados, que não tem coragem de mostrar a verdadeira cara; não quero andar com os intelectuais que só conseguem dialogar com os seus iguais; não quero mais andar com igreja personalista, que tem na figura do líder o máximo da sabedoria; não quero andar com quem não tem opinião, mas mudam o discurso de acordo com os seus líderes e não por convicção; Quero caminhar com quem está disposto apesar das quedas, lutas, limitações, adversidades,  a depositar a esperança no Senhor e salvador Jesus Cristo; quero andar com quem tem o coração aberto para acolher a todos independente de posição social; quero andar com quem gosta de orar, de ler a Palavra, de evangelizar, de adorar; quero andar com quem torna a caminhada leve, que é reflexivo de verdade e não apenas no discurso; quero andar com quem quer ser ajudado e quer ajudar; quero andar com os que amam as causas sociais na prática e desperta nos outros o desejo de servir; quero andar com quem não tem pressa, que aprecia o momento, que olha nos olhos, que presta atenção nos detalhes; quero andar com quem mesmo pensando diferente de mim, me respeita...
         Recomeçar, romper com o passado, mudar de direção, não é fácil, reque reflexão, humildade, oração e coragem, mas é preciso repensar para não morrer na caminhada.


Como uma sombra Ele não se desgruda de nós


         
         O salmo 121 fala muito ao meu coração, me remete a infância quando eu acompanhava a minha avó Cecília ao hospital. Ela entrava nas enfermarias e ia de leito em leito recitando o salmo 121 e orando pelos enfermos. Aprendi a amar essa passagem que retrata Deus de forma tão presente  no cotidiano dos seus filhos.
         Estamos vivendo uma época muito estressante. São muitos os fatores de estresse: finanças, relacionamentos conflituosos, religião, violência urbana, violência doméstica, preconceitos e por aí vai. Saímos cedo para trabalhar e podemos não voltar por causa de um irresponsável no transito. Dizem que o psicopata pode morar ao lado ou dentro de casa. Essa cultura do medo tem se alastrado principalmente através dos telejornais sensacionalistas que sobrevivem da tragédia humana.
          Porém, quando olhamos para o texto bíblico ele nos traz uma paz proveniente da certeza de que como uma sombra Deus não se desgruda de nós. Nos acompanha por onde quer que  formos. Isso não quer dizer que estamos blindados, que mau nenhum chegará a nossa casa, mas que mesmo vindo o dia mau, o nosso Deus anda conosco nos dando forças para vencermos os obstáculos, mesmo que vencer signifique enfrentar a adversidade e suas consequências.
         A companhia do Senhor produz segurança de que atravessaremos as tempestades e chegaremos seguros ao nosso destino. Muitos chegarão molhados e debilitados fisicamente, mas jamais abatidos espiritualmente. Conheci uma pessoa que enfrentou uma grande tempestade em sua vida, um câncer de pulmão. Pude acompanhar o definhar do seu corpo físico, as dores, o mal estar, o cabelo caindo, a pele descamando e ficava maravilhada ao ver aquela irmã, quando não estava em tratamento, entrando no templo para participar do culto. No final quando ia cumprimenta-la ela dizia com sua voz fraquinha: ”estou firme com Jesus”. Nas diversas visitas que fizemos, muitas vezes a encontrávamos prostrada na cama, fraca, pois nada parava no estomago e sempre dizendo: “Estou firme com Jesus, ele vai me curar”. Ela tinha uma fé inabalável, firme como uma rocha, nunca a vi murmurar, nem ficar amargurada, tinha apenas trinta e dois anos, casada e três filhos lindos.
           Um dia precisei ficar com ela no hospital, tinha se internado mais uma vez, a família era pequena então os irmãos em Cristo revezavam no cuidado. Sentei ao lado da sua cama, li a Bíblia, orei e ficamos a conversar, ela estava cada vez mais fraca. Num dado momento ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e disse que apesar de desejar tanto viver estava preparada para morar com Jesus e me perguntou se era errado ela pedir a Deus a cura porque queria muito criar os filhos e se ao pedir não estaria magoando o Senhor. Olhei para aquela irmã e percebi que estava diante de um gigante da fé. Ela estava enfrentando um câncer terminal sem medo, sem revolta, e preocupada em magoar o coração de Deus por desejar ficar. Alguns dias depois, estávamos em Belo Horizonte e soubemos que ela tinha sido curada, foi morar na  casa do Pai, onde não há choro nem dor, nem enfermidade.
         Fico pensando em alguns crentes triunfalistas que vejo cantando “a minha sorte vai mudar”,  diante de uma situação dessas. Aquela irmã passou pelo vale da sombra da morte e não desvaneceu na fé porque o Senhor como uma sombra esteve ao seu lado o tempo todo. O Deus Emanuel não se apartou dela e ela sabia disso e isso bastou.


22 de agosto de 2012

Igrejas de auto ajuda X fundamentadas na Palavra



          Ouço sempre o meu esposo  falar que “a igreja que não cresce está fadada a morrer”. Porém, dá cansaço só de observar o malabarismo que alguns pastores e líderes têm que fazer para ter sempre a igreja cheia. São tantas as atividades e entretenimentos  que não sobra espaço para o culto a Deus. Meu esposo que é um pastor sério, diz: “ Este tipo de crescimento eu estou fora, não dá para mim”.
          Venho de uma época em que o que nos atraia à igreja era a palavra pregada. A igreja vivia cheia principalmente na Escola Dominical, as pessoas tinham fome de Deus, ansiavam em conhecer e experimentar esse Deus redentor. E não estou falando apenas do público adulto, mas de jovens, adolescentes e crianças sedentas por Jesus. E por isso, víamos muitos   decidindo-se  por missões na pré-adolescência, como foi  no meu caso e de muitos outros que hoje são uma bênção para o reino de Deus, porque cresceram se alimentando da Palavra de Deus.
          Hoje a igreja cresce alicerçada em eventos. Se não tiver constantemente um entretenimento novo, os irmãos começam a circular pelas igrejas da região a procura de novidades que os façam sentir algo diferente. E há pastores que no desespero para fazer a sua igreja crescer se esquece do Espírito Santo, da unção, da oração, da vida íntegra, do cuidar, visitar, apascentar, ensinar, e vivem copiando modelos de “sucesso”  das igrejas que estão “bombando” no momento.    As igrejas desses pastores crescem, alias, incham a cada evento de domingo, mas sem qualidade alguma, estão cheias de crianças mimadas que esperneiam se algo não as satisfazem. Elas falam com Deus como se Ele fosse seu empregado,  veem o pastor como uma grande babá que está sempre de prontidão para suprir todos os seus desejos e limpar as suas sujeiras.
        Tenho saudades dos louvores que  quebrantava  na presença do Senhor, que despertava para missões , que mostrava em suas letras a grandeza de Deus, a sua misericórdia, que  fazia ter vontade de estar sempre perto dele. Sinto falta do culto  centrado em Deus, às vezes penso que o culto é para o homem, desde o louvor até a mensagem. Muitos pastores nem se dão conta que o humanismo tomou conta dos púlpitos através das mensagens “psicologisadas”, onde o ego precisa o tempo todo ser elevado, em que o importante é elevar a autoestima dos fieis, eles precisam  sentir-se  bem,  felizes no culto. É assim que pensam e é dessa forma que muitos ministros preparam  as suas mensagens. Muitas vezes o que os fieis precisam é chorar de arrependimento, é confessar o pecado, é renunciar o domínio da própria vida e viver debaixo do senhorio de Cristo.
          Precisamos sim que a igreja cresça em sinceridade, honestidade, compaixão pelo próximo,  profundidade no estudo da Bíblia, no envolvimento social, na evangelização, no seguir a Cristo de perto, em reconhecer que sem Deus não é nada, em se colocar na dependência do Espirito Santo de Deus. A igreja precisa crescer em humildade reconhecendo que não é por força nem por violência, mas pelo agir soberano de Deus,  é Ele  quem dá o crescimento, somos apenas colaboradores na seara do Mestre.
          A igreja que cresce através do agir de Deus faz a diferença no meio onde está inserida, ela é viva, dá sabor e ilumina. Oremos para que as nossas igrejas sejam avivadas de fome e sede da Palavra de Deus, ai sim, ela vai crescer saudável e produzir frutos para a eternidade.



20 de agosto de 2012

Quem carregaria a sua maca?


        
  Certa vez fiz uma dinâmica com um pequeno grupo de mulheres que  liderei  numa determinada igreja em que  pastoreamos. A dinâmica estava baseada na história bíblica do paralítico que desceu pelo telhado ao encontro de Jesus (Marcos 2:1-12). Entreguei para elas uma folha em branco e pedi que desenhassem uma maca e  no centro da maca deveriam escrever um problema pessoal difícil de carregar sozinhas. Depois em cada ponta da maca deveriam escrever o nome de quatro amigos, que se precisassem, com certeza, carregariam a sua maca. Dei alguns minutos e fiquei observando. Não foi difícil para elas fazerem o desenho e escrever o nome do problema, mas na hora de identificar os quatro amigos, aí sim, foi difícil. Olhavam para o desenho, para o alto, escreviam um nome e depois riscavam, mexiam com a caneta, e a maioria, por mais que déssemos mais tempo, não conseguiram encontrar na sua rede de relacionamentos, quatro amigos de verdade. Escreveram um nome, dois no máximo. E olha que estou falando de mulheres que há anos frequentavam a igreja, mas nem mesmo dentro da instituição tinham amigos com esse grau de comprometimento. Teve uma senhora que na hora de compartilhar disse que colocou o nome das filhas, porém, não tinha certeza que ajudariam. Triste não é mesmo?
            Aquele paralítico era sortudo, pois contava com  quatro amigos altruístas que mesmo diante de tamanho obstáculo não desistiram de levá-lo a Jesus. A presença de Jesus na cidade causava uma agitação muito grande nas pessoas, logo, logo juntava uma grande multidão na expectativa de vê-lo fazer milagres,  ou na busca de alcançar uma graça. Naquele dia não foi diferente.  Jesus estava em uma casa na cidade de Cafarnaum ministrando a Palavra e ensinando o povo. A casa estava repleta, havia muitas  pessoas espremidas naquele lugar. Aqueles quatro homens com a missão de levar o amigo paralítico até Jesus, não tinham a mínima condição de entrar pela porta da frente, nem pela porta do quintal e muito menos pelas janelas, todas as entradas estavam bloqueadas de gente desejando ver e ouvir o Mestre. Mas eles não desistiram diante da barreira humana, o amigo tinha que ter um encontro com Jesus naquele dia de qualquer jeito. Não sei qual dos quatro teve a ideia de fazer um buraco no telhado e descer o amigo paralítico, mas com certeza era alguém com um coração de servo, não só o dele, mas também  dos outros que aceitaram a empreitada de bom grado, tudo para ver o amigo curado. Quem sabe os quatro homens moravam perto uns dos outros, e ficavam  conversando na calçada da casa do  amigo paralítico fazendo planos, rindo juntos, comentando sobre um homem chamado Jesus que operava milagres e que logo estaria na cidade e como seria bom o amigo ser curado e andar com eles por toda parte sem ser carregado.
        Tenho medo de altura, faço de tudo para não precisar subir em uma escada, agora imagina aqueles quatro homens, que além de subir no terraço carregando um paralítico impossibilitado de ajudar, teriam  que fazer um buraco , amarrar a maca com cordas e descê-la até Jesus. Fico imaginando a cena - Jesus está ensinando em uma casa apinhada de gente e de repente percebe  as pessoas inquietas, olhando  para o alto, a princípio está caindo poeira, barro, mas logo avistam o rosto de quatro homens, Jesus para de falar, também olha, e fica admirado ao contemplar um paralítico descendo em uma maca com a ajuda de amigos. Jesus entende que aquele doente quer ser curado, fica maravilhado com a cena e o esforço  dos amigos, e opera o milagre, dando àquele homem uma vida cheia de novas possibilidades. Creio que o homem da maca jamais se esqueceu daqueles quatro amigos que o ajudou no momento em que mais precisou. Com certeza a  amizade deles só cresceu depois dessa experiência.
         Quem têm amigos como aquele paralítico, é uma pessoa extremamente rica,  independente se mora na favela ou no Morumbi. A maior riqueza de um homem não são os bens materiais, ou uma conta recheada no banco, e sim, os amigos que conseguiu juntar ao longo da vida. Do que adianta trabalhar tanto, correr feito louco atrás de um padrão de vida ideal e chegar ao fim da vida só. Do que adianta ter tanto dinheiro e não ter um ombro  amigo para chorar no dia mau. Soube de um senhor que os Vizinhos só descobriram a sua morte depois de uma semana quando o mau cheiro tomou conta da rua em que moravam. Ninguém sentiu falta daquele infeliz, nem a sua família, só o descobriram porque cheirou mal e tiveram que arrombar a sua porta. Fico me perguntando como esse homem gastou os seus dias, o que preenchia as suas horas, por que ninguém sentiu a sua falta? E aqueles idosos  esquecidos nos asilos, nos  hospitais por dias ou anos sem alguém para visitar? Por que chegaram a esse ponto de ninguém se importar com eles?
         O relato bíblico me leva a rever os meus valores. De que forma priorizo o outro, quantas vezes abro a porta da minha casa para receber, com que frequência visito os amigos, até que ponto estou disposta a carregar a maca do outro incondicionalmente? Amizade é um investimento maravilhoso, o retorno é a companhia de pessoas queridas que não nos deixa na mão, que nos visita independente de ocasiões especiais, que nos dá a liberdade de ligar às quatro da manhã angustiados, que não nos ridiculariza pela tomada de decisão, que não abandona o barco na hora da tempestade, que é capaz de tirar do seu para nos suprir. Esse tipo de amizade não tem preço, quem tem amigos assim é uma pessoa extremamente rica.
        Faça a dinâmica da maca e veja se têm quatro amigos como os do paralítico. Se tiver, louve a Deus, do contrário, dá tempo de correr atrás e resgatar as amizades que ficaram distantes e também de buscar novos amigos. Só não esqueça, de que o verdadeiro amigo se revela com o tempo. Seja você também o amigo que carrega a maca. De repente você  tem um amigo precisando de um telefonema, uma oração, uma palavra de conforto, uma visita, um ombro para chorar ou quem sabe de colo Talvez ele precisa ser apresentado a Jesus e ter a sua vida transformada. Se Deus o fez lembrar-se de alguém, não se intimide, faça contato com essa pessoa, ela jamais vai esquecer esse gesto seu.
          Você só terá amigos amanhã se os fizer hoje. Não se faz um amigo da noite para o dia, leva tempo, mas vale a pena, pois a verdadeira amizade é para a vida toda.


11 de agosto de 2012

Eles só queriam atenção...



            Criança precisa de afeto, carinho, proteção, cuidado. Foi difícil para mim, que não fico um dia sem dar um beijo na minha filha, nem sem dizer um “ eu te amo”, ouvir aquela mãe revelar que nunca tinha dado um beijo no filho de nove anos.
          Ela me procurou porque o garoto estava dando muito trabalho. Não a ouvia e saia batendo a porta de casa sem hora para voltar. Eu coordenava um projeto social em que esse garotinho participava. Ouvi aquela mãe atentamente e fiquei de conversar com o menino. Chamei a criança na minha sala, não foi difícil fazê-lo falar, ele era comunicativo. Segundo o mesmo a mãe era agressiva, não fazia nada quando o padrasto e primos o chamavam por termos pejorativos. Perguntei se a mãe era carinhosa, ele negou.
          Voltei a conversar com a mãe e orientei que fosse mais carinhosa com o filho,  que desse mais atenção, que procurasse ouvi-lo. Ela relutou um pouco, disse que não sabia como fazer, tinha dificuldade em demonstrar carinho uma vez que não tinha recebido dos pais. Insisti que valeria a pena por mais difícil que fosse, então ela prometeu tentar.
          Passou mais ou menos uma semana e chamei novamente o garotinho para conversar. Estava curiosa para saber como andava a relação dele com a mãe e se o conselho que eu tinha dado funcionou. Assim que começamos a conversar ele foi logo dizendo: “tia, minha mãe me deu um beijo”. Os seus olhinhos brilharam ao relatar o fato. Fiquei muito feliz, o que aquela criança queria era atenção, carinho, era ser notada. Li que criança rebelde é  criança infeliz. Muitos pais por estarem tão ocupados não prestam mais atenção nos filhos, não percebem o quanto eles precisam de atenção. Muitas vezes o que resolve não é uma disciplina restritiva, mas um abraço, um beijo, sentar e olhar nos olhos do filho atentamente, estender a mão e oferecer ajuda.
          Sempre que podia falava com as mães do projeto social que se elas não abraçassem os filhos o mundo abraçaria da pior forma possível. Tem pais perdendo os filhos por negar atenção. Tem filhos buscando nas drogas, nas más companhias o prazer que não encontra dentro de casa.
          O relacionamento daquela criança com sua mãe melhorou muito, ela continuou se esforçando para dar atenção e ganhou um filho mais presente em casa, menos respondão e também carinhoso.
          Outra cena me vem à mente neste momento. Estava saindo do culto era dia das mães e um adolescente magro, sujo e descalço me chama de tia e me pede comida, olhei atentamente e reconheci, era um adolescente que tinha frequentado o projeto social ,mas infelizmente, se tornara usuário de drogas passando a  perambular  pelas ruas. Perguntei se ele tinha dado um abraço na sua mãe, já que era um dia especial, ele respondeu: “ eu não tenho mãe, tia. Ela não liga para mim, ela não gosta de mim”. Fiquei muito entristecida, pois muitas e muitas vezes aconselhei aquela mãe que batia no filho, que o colocava para fora de casa por qualquer coisa, que o chamava dos piores nomes a mudar a sua conduta, ela não ouviu, o filho buscou consolo nas drogas e hoje à mãe vive amedrontada com o filho delinquente. Pobre menino vitima de um lar desestruturado e uma sociedade injusta.
             Esses meninos só queriam colo, abraço, amor, proteção. Isso faz uma diferença muito grande na vida de uma criança seja ela rica ou pobre. O lar deve ser, independente da condição social, um lugar  onde se deseja estar. Nós pais devemos transformar a nossa casa no melhor lugar do mundo para os nossos filhos e isso acontece quando dentro de casa eles encontram  respeito, diálogo, carinho, atenção, cumplicidade, perdão, orientação, valorização, esperança, união.
            Você já abraçou seu filho hoje?

            Que Deus lhe conceda sabedoria e um coração terno dentro de casa.
         
        Fique na paz!!!!



8 de agosto de 2012

Empatia faz falta


          Como você está? Quando foi a última vez que você ouviu esta pergunta de alguém realmente interessado na resposta? Há muito tempo que alguém ( fora a família) não faz essa pergunta para mim. Aliás, fazem, mas sem a verdadeira intenção. Ou seja, virou uma obrigação ao se cumprimentar alguém perguntar: “ Oi, como você está?” -  perguntam, mas não estão interessados na resposta, mudam de assunto quando você ingenuamente começa a responder principalmente se o que você  compartilhar for problemas.

          Paramos de nos preocupar com o próximo (amigos, parentes, família), a individualidade cultuada nessa era das redes sociais, não dá espaço para os problemas, alegrias e anseios do outro. Bastam os meus  problemas, muitos pensam assim.

          Dessa forma a vida fica mais pobre. Vejo na troca de experiências, no ouvir atentamente, no estender a mão com vontade de ajudar, como tijolos que sustentam a nossa base. Eu preciso do outro para crescer, o outro precisa de mim para crescer. Ninguém cresce sozinho. A casa que sou eu, têm contribuições de várias pessoas ( pais, professores, avós, tios, primos, amigos, etc.), cada tijolo tem uma história e essa história não se constrói sozinho, mas no coletivo.

           A pressa constante nos impossibilita de ver, ouvir, e conhecer o outro mesmo que esse outro esteja do nosso lado. Quantos casais depois de anos juntos descobrem que não conhece o cônjuge? Quantos pais tem filhos amargurados, depressivos dentro de casa e não sabem? Sentam juntos para ver a TV, para fazer as refeições, mas cada um na sua, cada um com o seu problema, sem tempo para dialogar. 

          Para ouvir é preciso parar. Mas vale a pena parar agora, do que mais tarde para chorar porque se encontra só.

          Como você está? Pergunte isso a alguém hoje.


         Abraço, fique com Deus.
         
         

Preocupados e inquietos com muitas coisas


          Hoje gostaria que você fizesse uma visita comigo. Vamos visitar uma casa aconchegante e acolhedora, estou me referindo à casa dos irmãos: Marta, Maria e Lázaro na passagem de Lucas 10:38-42. Está casa era parada obrigatória de Jesus quando estava passando pelo povoado de Betânia.
          Jesus nunca viajava sozinho, estava sempre rodeado de muita gente, mas tinha uma turma em especial, que estava sempre com Ele, os seus discípulos queridos, estes seguiam os passos do Mestre de perto. Então, a visita de Jesus, não era uma simples visita de amigo, era Jesus e sua comitiva.
          Pelo fato da Bíblia se referir “a casa de marta”, nos dá a impressão que ela era a irmã mais velha e responsável pelo lar. É provável que Maria fosse a irmã mais nova, e talvez  por isso, muitas vezes, poupada das tarefas mais difíceis.
          Marta como boa dona de casa gostava de receber bem as visitas. Ela com certeza caprichava na limpeza, na alimentação e acomodação, fazia tudo para que seus hospedes pudessem ter uma estadia tranquila. Como esposa de pastor e morando a maior parte do tempo em cidade do interior, já hospedamos muita gente na nossa casa. Certa vez, morando no interior do Rio de Janeiro, numa cidadezinha chamada Sumidouro, ficamos sabendo que iriamos receber dez pessoas na nossa casa. Eles viriam de são Paulo para realizar um evento na igreja. Como a nossa casa era grande e nessas horas sobra sempre para o pastor, coube a nós a hospitalidade. Aí veio a preocupação: recém-casados, pouca experiência na cozinha, pouca grana. O que servir, como acomodar tanta gente de forma confortável, como deixa-los a vontade? Nessas horas a gente quer fazer o melhor, quer impressionar, então capricha na faxina, prepara o cardápio, as acomodações. Tudo isso, fora os trabalhos da igreja que exigia muito por ser uma igreja constituída na sua maioria de idosos. Quando os hospedes chegaram eu estava tão cansada e abatida que parecia doente e quase não aproveitei a companhia deles. Já fui Marta muitas vezes, depois a gente descobre e isso vem com a maturidade, que não precisava de tanto esforço, nem tanta comida, e que, tudo, por mais simples que seja, se feito com amor, surte um grande efeito.
          Não era a primeira vez que Jesus se hospedava naquela casa, a presença dele trazia alegria, ensinamentos, suas palavras geravam vida e Maria não abria mão de ouvi-lo. Nesse dia em especial, assim que Jesus chegou, Marta e Maria o receberam com entusiasmo, Marta voltou para terminar os seus serviços, quem sabe estava fazendo o almoço. Maria deve ter ido buscar agua na cozinha para servi-los, mas ao servir não voltou para ajudar Marta, ela se encantou com o que ele estava ensinando e sentou-se juntamente com os discípulos para ouvir o Mestre.
          Marta ficou muito aborrecida na cozinha diante das panelas. A hora do almoço chegando, muita coisa por fazer. Imagino que como muitos de nós naquela situação,  ela começou a reclamar: “ como pode, eu aqui suada, descabelada, cansada, cheirando a peixe, enquanto a linda da Maria está lá na sala no bem bom. Ah! Isso não vai ficar assim, vou reclamar com Jesus que vai repreendê-la na frente de todos. Marta não tinha entendido nada, chegou diante de Jesus e soltou a sua chateação: “ Senhor não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Diz-lhe que me ajude!”. Nesse momento penso que Jesus balançou a cabeça em sinal de reprovação e carinhosamente respondeu: “Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas, todavia apenas uma é necessária, Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
          Já percebeu, como nós cristãos, andamos ultimamente inquietos com muitas coisas? Vivemos em um século tecnológico, com muitas facilidades ao alcance das mãos, nos encantamos com tantas novidades que estamos o tempo todo com a sensação de que falta tempo para tudo que gostaríamos. Além disso, muitas igrejas evangélicas tem se tornado uma casa de shows, onde muitos vivem ocupadíssimos com a nova programação, ou atrás de algo novo para entreter a plateia, ops, aos membros. Mas nem sempre estar ocupado com as funções da igreja significa estar aos pés de Jesus aprendendo com ele.
          Vejo a agenda de alguns pastores e fico me perguntando quando eles arranjam tempo para meditar na Palavra e orar. São tantas viagens, programas para grava, livros a serem escritos, organizações a serem cuidadas e ainda tem os que se envolvem com a política, que imagino que leem a Bíblia e oram, só quando estão no púlpito.
         Quantas vezes agimos assim, Jesus está tão perto e não conseguimos ouvir a sua voz. Colocamos tantas outras coisas como prioridade que não conseguimos dar  importância aos seus ensinamentos. Arrumamos a casa para receber Jesus, mas não usufruímos da sua companhia, não ouvimos as suas orientações,  não deixamos Ele mudar a dinâmica conturbada da nossa casa interior.
        A visita de Jesus é especial, ela traz salvação para aquele que abre a porta e ceia com Ele, ou seja, para aquele que come e mastiga o alimento que Ele dá de graça.
        Ah! Maria, como você é sábia e que lição nos deixou! De que não adianta preparar a casa para receber Jesus se não tivermos tempo para sentarmos na sala e conversarmos com Ele, se não tivermos discernimento para entender quando é a hora de parar com tudo para ouvi-Lo.
        Quem sabe você anda insatisfeito com sua vida espiritual. Apesar de frequentar a igreja, o pequeno grupo, a escola dominical, participar do coral, do louvor, sente um vazio interior, sente que falta algo. Se parar com os ouvidos atentos vai ouvir Jesus falando mansamente: “Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas, todavia apenas uma é necessária, Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” . Troque o nome de Marta pelo seu e deixe o Espírito Santo ministrar ao seu coração.
Abraço,
Que o seu dia seja de vitória.


3 de agosto de 2012

Quem não reflete, vira marionete nas mãos dos outros



           No prefácio do seu livro Variações do Prazer Rubem Alves cita uma frase de Fernando Pessoa que diz assim: “ sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim”.
         Esta frase saltou aos meus olhos e me fez refletir, cheguei à conclusão, que na maior parte do tempo, estamos ocupados tentando satisfazer os desejos dos outros.
         Quantos pais chamam a atenção dos filhos porque fulano está olhando de cara feia. Quantas vezes vamos a encontros que não gostaríamos  só por educação ou para não contrariar quem nos convidou. Esposas que se anulam completamente para entrar na roupa de dona de casa que os outros julgam ser a correta. Cônjuges sem vontade própria que enclausuram desejos com medo de perder. Conheci um esposo que passou anos acompanhando a esposa a restaurantes para comer determinada comida que ele odiava, porém, com receio de desagradar, fazia a vontade da esposa. Um dia não suportou, a máscara caiu,  saiu de casa. Quantas mulheres acompanham tendências de uma moda que não foi feita para elas, só porque  a mídia ditou. Quantos seguem uma profissão só para agradar os pais. Adolescentes que para serem aceitos se submetem a humilhações por parte de um grupo.
          Caminhar assim é caminhar sem refletir. Nessa caminhada os próprios desejos se perdem. Um dia olha-se no espelho e não se reconhece mais, pois se perdeu ao trilhar o caminho que o outro traçou. É preciso olhar para dentro de si e resgatar sonhos, desejos, valores, princípios que estão escondidos, trazê-los para fora e permitir agradar-se, gostar de si, se curtir, se amar. Quem não se ama não se curte,  não se valoriza, não se conhece, portanto vira marionete nas mãos dos outros.
          No meio evangélico por não entender direito a ordenança de Jesus de amar ao próximo, muitos se tornaram marionetes nas mãos de líderes tiranos que em nome de Deus exigem  o “melhor das pessoas”, sugam até a exaustão. Deus não exige aquilo que não podemos dar. Amar ao próximo exige antes amar a mim mesmo, se me amo sei a minha identidade, conheço os meus limites, a minha capacidade, então sei dizer não sem culpa, sem medo de desagradar.
          É preciso se reconhecer na multidão para não ficar igual, para não se perder na massa.

30 de julho de 2012

Não dá para seguir Jesus com o coração cheio de ressentimento...

          Não dá para seguir Jesus com o coração cheio de ressentimento e amargura. “perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” Mt 6: 12.  Esse é um ensinamento de Cristo na oração do Pai Nosso, que o discípulo com a ajuda do Espírito Santo, precisa pôr em prática, pois Jesus também foi  claro em adivertir: “ Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas, se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas. Mt 6: 14-15 . “ Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem...” Mt. 5: 44
          É na intimidade do quarto secreto que o Pai amoroso nos quebranta e nos capacita a perdoar aos nossos devedores. A falta de perdão nos torna rancorosos, amargurados, vingativos e nos impede de avançar na intimidade com Deus. O perdão nos liberta e nos aproxima mais e mais de Jesus.  O apóstolo Paulo escrevendo aos colossenses  reforça os ensinamentos do Mestre  para que os mesmos: “... suportem uns aos outros e perdoem  as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o senhor lhes perdoou.”.  Cl 3: 12-13.
         Não deixe a amargura tomar conta do seu coração por mais injustiçado que você tenha sido. Busque a ajuda do Espírito Santo para dissipar o ressentimento e ajudá-lo a liberar o perdão. Você consegue. Jesus disse: “Sem mim nada podeis fazer”. Com Ele você é mais do que vencedor.
          

16 de julho de 2012

Ler é exercitar a alma para que não se atrofie



          Concordo com Rubem Alves quando diz que “ler é uma das maiores fontes de alegria” e também que “os livros que amo são aqueles que se tornaram meus companheiros vida afora”.
          Há autores que se tornaram meus companheiros, conversam comigo, através da leitura me desafiam, me encorajam, me ensinam. Quando leio Rubem Alves tenho vontade de ler poesia, de estudar mais de conhecer mais. Ao ler Henri Nouwen quero me achegar mais a Deus, caminhar de mãos dadas com Ele, me prostrar diante de Sua presença. Philip Yancey descortina para mim a loucura da graça, me faz mais apaixonada por esse Deus tão cheio de amor incondicional. James Dobson me encoraja na difícil e maravilhosa missão de ser mãe. Machado de Assis e Aloísio de Azevedo me fascina  por dialogar tão próximo, as palavras saltam do livro tão naturalmente que fica a impressão de que o personagem está ao lado. Brennan Manning me escancara Deus de forma muito pessoal, passear com Brennan  pelos dramas da vida é perceber a minha humanidade frente às misericórdias de Deus que teimosamente se renovam diariamente. C. S. Lewis me impacta com o seu discurso direto, coerente e totalmente Cristocentrico. John Stott me ensina que discipulado envolve obediência e que servir a Cristo deve ser um prazer. Já Eugene Peterson me motiva a continuar investindo na igreja apesar das injustiças, que pastorear é um privilégio com muitas responsabilidades.
Alguns autores já não o sigo mais, outros estão se achegando como Pablo Neruda, , Gabriel Garcia Márquez, Júlio Cortázar, Dostoiévski, Franz Kafka, etc.
         Vale ressaltar um livro que supera qualquer outro. É a maior carta de amor, contem ensinamentos preciosos e alguém disse que é o único livro que lemos na presença do autor, a Bíblia. Esta eu leio desde criança, é Deus falando comigo. Preciso dela para manter o meu espírito renovado, para entender porque estou neste mundo e qual o sentido da vida. A Palavra de Deus é minha leitura de todos os dias, “é lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos”. Como disse Eugene Peterson: “... Ela revela o mundo criado por Deus, ordenado por Deus e abençoado por Deus no qual nos sentimos seguros e completos”.
           Ler é exercitar a alma para que não se atrofie, para que voe sem pesar por outros caminhos.  É penetrar na beleza da escrita e dela tirar ensinamentos que nos faz pessoas melhores.

13 de julho de 2012

Não pare ao chegar ao fundo do poço. Continue cavando


          
          O que você  diria para um pescador que estava lavando a sua rede depois de passar a noite toda pescando sem sucesso?  Eu diria que a vida é assim mesmo, tem dia que o “mar não está para peixe”, que fosse para casa descansar, afinal, passara a noite toda em uma pescaria infrutífera. Porém, não foi isso que Simão ouviu de Jesus naquele dia perto do lago de  Genesaré.

         Jesus como sempre, estava sendo comprimido por uma grande multidão que o seguia a procura de milagres, então para fugir daquele aperto, entrou no barco de Simão que o levou mais adiante e dali Ele ensinava o povo. Quando terminou de falar, Jesus, percebendo o abatimento de Simão por não ter feito uma boa pescaria, lhe dá um conselho: “ ... Vá para onde as águas são mais fundas”, e a todos: lancem as redes para pescar.” Imagino Que Simão pensou, esse homem está brincando comigo, estou morto de cansado e ele me manda para alto mar, porém, respondeu: “Mestre esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes” -Lucas 5: 4-5.

          O texto segue narrando esta historia e diz que o resultado dessa pescaria foi tão farta, pegaram tantos peixes, que as redes não suportaram chegando a rasgar.

          Na Palavra de Deus encontramos essas contradições, ou seja, o mar não estava para peixe, mas Jesus mandou pescar. Há nas nossas vidas momentos de sequidão espiritual, examinamos e não encontramos pecados não confessados, porém a oração não sai, a leitura da Palavra se torna enfadonha, o culto tedioso. Conta-se que certa vez um homem disse para Madre Tereza de Calcutá que tinha chegado ao fundo do poço e não encontrava solução para o seu problema, então ela sabiamente disse para ele: “Continue cavando, não pare de cavar, as melhores aguas estão em  poços profundos”.
          Nós, muitas vezes, fazemos o contrário. No deserto espiritual paramos de buscar a Deus, desistimos da caminhada, sentamos e começamos a murmurar, a reclamar do calor, da falta de água, da palavra do pastor, do líder de louvor, do cansaço, das pedras e espinhos no caminho, e partimos numa trilha de lamentação sem fim.    

          Quando adolescente, na escola dominical, ouvi da esposa do  meu pastor, que mesmo não sentindo a presença de Deus deveríamos continuar buscando, pois Ele estava presente e jamais nos abandonaria. Essa ausência era Deus permitindo, para ver até que ponto o serviríamos pela fé, mesmo não sentindo, nem vendo a sua atuação. Isso ficou gravado em meu coração. Na minha caminhada já passei por vários desertos e confesso não é fácil, mas nunca desisti de buscar a Deus. Claro que sou tentada a deixá-lo de lado, a trocá-lo por coisas mais atraentes no momento, a parar um pouco para descansar, mas o Espírito Santo fica falando lá no fundo: Continue cavando, não pare, medite na Bíblia, ore,  frequente aos cultos, se envolva nos trabalhos da igreja, sirva ao próximo, louve, continue cavando, não pare, não pare. Muitas vezes esse processo é feito em meio a lágrimas, mas a Palavra do Senhor diz que o “choro pode durar uma noite, a alegria vem ao amanhecer”. Simão, mesmo cansado, obedeceu à voz do Mestre contrariando a lógica do momento que era voltar para casa e dormir para esquecer a noite sem resultado.

           O final do poço não é o fim para Jesus, se Ele encheu aquelas redes de peixes, pode fazer jorrar água no deserto, e transformar a nossa caminhada  numa caminhada fé.

         Saímos do poço fortalecidos quando, mesmo não sentindo nada, não abrimos mão de caminhar com Jesus em obediência, na certeza de que jamais nos abandonará.

        Que Deus faça jorrar rios de águas vivas do seu interior.

                    Ei,  continue cavando, não pare...


Como você gostaria de ser lembrado?

 Como você gostaria de ser lembrado?  "...havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que em grego significa Dorcas; que se dedicava ao...