3 de agosto de 2012

Quem não reflete, vira marionete nas mãos dos outros



           No prefácio do seu livro Variações do Prazer Rubem Alves cita uma frase de Fernando Pessoa que diz assim: “ sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim”.
         Esta frase saltou aos meus olhos e me fez refletir, cheguei à conclusão, que na maior parte do tempo, estamos ocupados tentando satisfazer os desejos dos outros.
         Quantos pais chamam a atenção dos filhos porque fulano está olhando de cara feia. Quantas vezes vamos a encontros que não gostaríamos  só por educação ou para não contrariar quem nos convidou. Esposas que se anulam completamente para entrar na roupa de dona de casa que os outros julgam ser a correta. Cônjuges sem vontade própria que enclausuram desejos com medo de perder. Conheci um esposo que passou anos acompanhando a esposa a restaurantes para comer determinada comida que ele odiava, porém, com receio de desagradar, fazia a vontade da esposa. Um dia não suportou, a máscara caiu,  saiu de casa. Quantas mulheres acompanham tendências de uma moda que não foi feita para elas, só porque  a mídia ditou. Quantos seguem uma profissão só para agradar os pais. Adolescentes que para serem aceitos se submetem a humilhações por parte de um grupo.
          Caminhar assim é caminhar sem refletir. Nessa caminhada os próprios desejos se perdem. Um dia olha-se no espelho e não se reconhece mais, pois se perdeu ao trilhar o caminho que o outro traçou. É preciso olhar para dentro de si e resgatar sonhos, desejos, valores, princípios que estão escondidos, trazê-los para fora e permitir agradar-se, gostar de si, se curtir, se amar. Quem não se ama não se curte,  não se valoriza, não se conhece, portanto vira marionete nas mãos dos outros.
          No meio evangélico por não entender direito a ordenança de Jesus de amar ao próximo, muitos se tornaram marionetes nas mãos de líderes tiranos que em nome de Deus exigem  o “melhor das pessoas”, sugam até a exaustão. Deus não exige aquilo que não podemos dar. Amar ao próximo exige antes amar a mim mesmo, se me amo sei a minha identidade, conheço os meus limites, a minha capacidade, então sei dizer não sem culpa, sem medo de desagradar.
          É preciso se reconhecer na multidão para não ficar igual, para não se perder na massa.

Um comentário:

Zilma Brito disse...

Oi querida, gostei desse texto e das verdades contidas nele, que compartilhei no face. Bjos...

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