20 de abril de 2013

Não importa quem vai colher, o importante é semear



“Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem em Sião: O seu Deus reina!” (Isaías 52:7).

          Desde criança ouvia histórias e testemunhos de missionários que se aventuravam em terras estrangeiras para proclamar as boas novas do Evangelho. Anos depois, no seminário, comecei a acumular as minhas próprias histórias, experiências dos evangelismos nas tardes de domingo no Seminário Betânia em Coronel Fabriciano; do ano prático na Jocum de Belo Horizonte; do impacto evangelístico no Paraguai. Lembro-me que sempre que voltávamos de um evangelismo havia a famosa pergunta: “Quantas pessoas aceitaram a Jesus?” Ficávamos frustrados quando o resultado era nenhuma, nenhuma pessoa havia aceitado o Salvador. Contudo, não era sempre assim, muitas vezes o resultado era uma bela colheita de vidas rendidas ao Senhor.
          Anos mais tarde, esposa de pastor, mais cobrança. Desta vez era para a igreja crescer. Nos corredores da denominação a pergunta se repetia frequentemente: “Quantas pessoas há na sua igreja?” Com a pergunta vinha à receita, a cereja do bolo, todos tinham uma fórmula para o crescimento da igreja e queriam passar.
          Vi pastores, dedicados, piedosos, honestos e fieis ficarem constrangidos quando o seu relatório por anos continuava quase o mesmo, embora a sua igreja estivesse viva e atuante. Missionários angustiados porque se viam obrigados a darem “resultados”, do contrário o destino seria o retorno do campo missionário.
          Aprendi, ao longo da caminhada cristã, que quem dá o crescimento é Jesus. Em algumas igrejas, nós arrancamos tocos para outro colher. Em outras, colhemos, o que outro semeou. Não tem uma receita pronta. Passamos por igrejas que cresceram de forma espetacular em pouco tempo, em outras, o crescimento foi muito lento, embora por onde passamos, trabalhamos com o mesmo empenho e dedicação. A obra é de Deus, o vento sopra aonde quer.
          Hoje a tarde, sem um livro novo para ler, fui até a estante  e  peguei “Para que serve Deus” de Fhilip Yancey e comecei a reler. Passeando por suas páginas, me deparei com a história verídica de um grupo de jovens missionários, fascinados com o que Deus estava fazendo através de suas vidas, no início da década de 1970, no Afeganistão. Segundo Yancey, o Dr. J. Christy Wilson, figura reverenciada no Afeganistão, resolveu levar o grupo de jovens missionários para fazer turismo no cemitério e aprender um pouco sobre missões.
          “Wilson levou os adolescentes a visitar um ponto turístico diferente: O único cemitério no Afeganistão onde podiam ser sepultados ‘infiéis’. Dirigiu-se para o primeiro túmulo, uma lápide antiga, marcada pelo tempo. ‘Este homem trabalhou aqui por trinta anos, traduziu a bíblia para a língua afegã’, disse ele. ‘Nem um único convertido. E neste túmulo ao lado jaz o homem que o substituiu, juntamente com seus filhos que aqui morreram. Ele labutou durante 25 anos e batizou o primeiro cristão afegão’. Enquanto o grupo caminhava por entre os túmulos, ele relatava as histórias dos primeiros missionários e seus destinos.” (YANCEY, 1998, Pg 217).
          Compreendi que “sucesso ministerial” não é fazer a igreja acontecer ou alcançar o maior número de pessoas em um curto espaço de tempo, mas se manter fiel aos princípios da Palavra de Deus, ao chamado do Senhor enquanto semeia, ora chorando, ora cantando, sabendo que no tempo certo a colheita acontecerá. Que o labutar não é em vão, pois não importa quem vai colher,  o importante é   semear e deixar o crescimento e colheita por conta do Dono da seara, nosso Senhor e salvador Jesus Cristo.
          Disse o apóstolo Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer.” ( I Coríntios 3:6)
         

2 comentários:

Rute disse...

A igreja de Jesus Cristo precisa amadurecer e deixar de pressionar os missionaries sobre os "resultados" de seu trabalho no campo. Parece que, para a igreja, se o missionário não chegar com relatos espetaculares de que "tantas"vidas se converteram, é como se o missionário não estivesse fazendo o trabalho direito. Eu também já tive que me explicar várias vezes... Até quando a igreja vai ser imatura assim?

Lécia Salles disse...

Infelizmente ainda hoje principalmente com o crescimento das mega igrejas neopentecostais tanto missionários quanto pastores são cobrados e se cobram por resultados. Esquecem que quem dá o crescimento é o Senhor e que muitas dessas igrejas que parecem grandes na verdade estão inchadas, fazem parte da multidão que seguia o Mestre por causa dos pães e milagres.

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